O Que Ser Cristão Tem a Ver Com a Forma Como Ensinamos
A formação acontece não apenas a partir do que os alunos são ensinados, mas também de como eles são ensinados, diz um estudioso da fé e do aprendizado. Quais são as implicações para os professores que são cristãos?
Hoje, o ensino é basicamente visto como uma questão de técnica, diz David I. Smith. “É como levar seu carro em uma oficina”, disse ele. “Você não se importa se o seu mecânico é budista, desde que funcione novamente depois.” No entanto, essa visão do ensino está fundamentalmente errada, diz Smith, um estudioso que trabalha na interseção entre fé e aprendizado. “Sempre, o que você ensina inclui algum tipo de formação”, disse ele.
Professor e diretor do Instituto Kuyers de Ensino e Aprendizagem Cristãos do Calvin College, Smith disse que seu trabalho “trata de recuperar um sentido mais rico do que acontece quando um ser humano tenta ensinar outro ser humano e o que as nossas crenças e valores tem a ver com isso.” Ele está especialmente interessado em “o que ser cristão tem a ver com a maneira como ensinamos e aprendemos e como as escolhas que fazemos moldam os estudantes.”
Antes de se mudar para o Calvin College, Smith, natural do Reino Unido, era pesquisador e professor de educação no Stapleford Center, um instituto educacional cristão, em Nottingham, Inglaterra. Ele é bacharel pela Universidade de Oxford; mestre pelo Institute for Christian Studies, Toronto, Canadá; e doutor pela Universidade de Londres. Seus livros mais recentes incluem On Christian Teaching: practicing faith in the classroom (Sobre Como Ensinar de Forma Cristã: praticando a fé na sala de aula), John Amos Comenius: A Visionary Reformer of Schools (João Comenius: um reformador visionário das escolas) e Christians and Cultural Difference (Cristãos e diferenças culturais) em parceira com Pennylyn Dykstra-Pruim.
Ele conversou recentemente com Faith & Leadership. A seguir, uma transcrição editada da entrevista.
P: Dê-nos uma visão geral do seu trabalho.
Há muito tempo me interesso pelo que a fé tem a ver com a maneira como ensinamos. É uma questão que precisa de atenção. Para dar um exemplo do que motiva minhas preocupações, alguns anos atrás, acadêmicos da Universidade de Baylor pesquisaram professores em 48 faculdades e universidades cristãs protestantes. Quando perguntados se sua tradição teológica influenciou sua visão de mundo, sua ética ou sua motivação para estar na academia, 79 a 84% disseram que sim. Mas quando perguntados se a tradição teológica deles influenciou a maneira como ensinam, apenas 40% disseram que sim, 40% disseram que não e 20% não tinham certeza. Nos últimos 50 anos, a conversa sobre fé e aprendizado frequentemente tem sido sobre o que a fé tem a ver com o conteúdo da educação, com as ideias que são transmitidas. Mas tem havido muito menos conversa sobre como a fé afeta como ensinamos — o que é estranho porque a formação resulta tanto de como somos ensinados quanto das ideias que são colocadas à nossa frente. Estou interessado nisso de vários ângulos, tentando encontrar maneiras diferentes de pensar sobre o que ser cristão tem a ver com o modo como ensinamos e aprendemos e como as escolhas que fazemos moldam os alunos.
P: As pessoas tendem a pensar em fé e ensinar como duas áreas que na verdade não se cruzam?
Bem, nos últimos duzentos anos, temos a tendência de ver o ensinar como sendo basicamente uma questão de técnica. É como levar seu carro na oficina. Você não se importa se seu mecânico é budista, desde que esteja funcionando novamente depois. Pensamos que ensinar é uma coleção de técnicas que fazem as coisas funcionarem, mas isso está fundamentalmente equivocado. Ensinar é muito mais complexo que isso.
Sempre, o que você ensina inclui algum tipo de formação. Em parte [meu trabalho] é recuperar um sentido mais rico do que acontece quando um ser humano tenta ensinar outro ser humano e o que as nossas crenças e valores tem a ver com isso.
Quando falo com professores e quero iniciá-los nesse tópico, muitas vezes uso esse exemplo: Quando meu filho tinha 16 anos, ele chegou em casa da escola um dia — uma escola cristã — e disse: “Tenho que estudar para minha aula de Ensino Religioso. Você poderia me ajudar?” Eu disse: “Claro”. Então nos sentamos e ele tinha uma planilha com 12 palavras no lado esquerdo e 12 definições no direito. Todas as palavras eram teológicas — “justificação”, “santificação”, “reino de Deus”, “Trindade”, “ascensão”. Era as 12 palavras que você precisa saber para falar como um cristão reformado. Ele disse: “Tenho um teste na sexta-feira e preciso saber essas coisas.”
Então comecei a fazer perguntas difíceis: “Qual é a diferença entre justificação e santificação, e como você reconheceria uma delas se a encontrasse no almoço?” “Você lembra de uma história que ilustra alguma dessas coisas?” “Você consegue pensar em uma história bíblica que combina com isso?” Ele tolerou isso por cerca de três minutos antes de pegar o papel de mim, jogá-lo na mesa e dizer em um tom irritado: “Não preciso entender tão bem assim, porque no teste, eles só vão me fazer combinar as palavras com as definições.”
Congele esse momento. Observe que ele está fazendo algo perigoso — ele está tentando prever o futuro. Ele não viu o teste. O teste é na sexta-feira, então o que lhe permite dizer com confiança que o teste será assim? O que ele está realmente dizendo é algo como: “Pai, você não entende. Durante meu tempo no ensino médio, observei certos padrões no comportamento dos meus professores e, quando eles me fornecem planilhas com palavras e definições correspondentes, há uma probabilidade estatística muito alta de que o teste seja de relacionar as colunas ou de múltipla escolha. E se o teste é mesmo assim, então não preciso entender o material. Preciso apenas lembrar qual palavra combina com que parágrafo.”
Ele tem razão. Já tentei isso com salas cheias de professores. Você pode traduzir a planilha para um idioma que as pessoas não falam e, se forem bons alunos, ainda poderão tirar 100 no teste se memorizarem as três primeiras letras de cada palavra e as três primeiras letras de cada definição.
O professor da turma do meu filho é um dos melhores da escola. Eu sei que ele não entrou na sala naquela manhã com um plano de aula que dizia: “Hoje quero ensinar aos meus alunos que a teologia não é importante.” No entanto, o resultado da aprendizagem foi que meu filho tinha uma lista de 12 mais importantes termos teológicos do Novo Testamento e ele está dizendo: “Eu não preciso entender isso muito bem.”
O que ensinou isso a ele não foi o que o professor disse. O professor não se levantou e disse: “Ei, pessoal, isso é apenas teologia. Não é tão importante, portanto não dedique muito tempo a isso.” Isso foi ensinado a partir da correlação entre a estrutura da planilha, os padrões de comportamento dos professores e as suas estratégias de avaliação.
No entanto, se eu perguntasse à escola que me mostrasse onde ela está promovendo a formação espiritual, suspeito que eles apontariam para o seu programa de capela, grupos de estudo bíblico e de discipulado, sua declaração de fé e aprendizagem, e assim por diante. Também suspeito que levaria muito tempo para dizer: “Espere aí, fazemos muitos testes de correspondência com base em planilhas. Talvez isso seja a formação espiritual.”
Penso que formação espiritual está acontecendo aqui. A relação do meu filho com a teologia está sendo moldada por esse conjunto de estratégias de ensino. Algo está acontecendo nas escolhas que estão sendo feitas sobre como ensinar.O problema não está no conteúdo. Não era possível colocar mais conteúdo cristão nessa folha de papel sem usar uma fonte menor. O problema está na maneira como o processo se relaciona com o conteúdo. Esse é o tipo de coisa em que estou interessado: Que escolhas fazemos para ensinar? Como isso afeta a forma como os alunos recebem o que ensinamos?
P: Seu exemplo é de uma escola cristã, mas o que você está falando não é apenas para pessoas que ensinam em escolas cristãs, certo? Cristãos ensinam em todos os tipos de escolas, públicas e privadas.
Exatamente. Iniciei minha carreira ensinando em escolas públicas na Inglaterra e foi lá que comecei a pensar em nisso. Tenho a impressão que ser cristão não era algo do qual se pode tirar folga de segunda a sexta-feira apenas porque não se trabalha em uma instituição confessional. Eu estava lecionando em escolas onde seria inapropriado evangelizar, então a questão não era se eu tinha liberdade para pregar o Evangelho nas aulas de idiomas que fui contratado para ensinar. Tinha mais a ver com: “Sou cristão, então como minha identidade como cristão afeta as minhas escolhas que em como eu moldo a aprendizagem, quais são meus objetivos de aprendizagem para os alunos e como posso transformar esses objetivos em experiências educativas?” Qualquer professor — cristão ou não — se debate com perguntas sobre como moldar o aprendizado em sala de aula e como suas crenças e valores sustentam isso.
P: Então, como as crenças, os valores e os princípios cristãos moldam a nossa abordagem pedagógica?
Quando comecei a ensinar, lecionei alemão, francês e russo em escolas de ensino fundamental seculares. Desde o início, fiquei impressionado com o fato de que os livros didáticos que recebi eram basicamente baseados no consumismo. Passamos muito tempo praticando diálogos em francês e alemão, onde comprávamos comida em cafés e supermercados, comprávamos bilhetes de trem e teatro, saíamos de férias e conversávamos sobre nossas férias e sobre as roupas que comprávamos.
As poucos comecei a pensar: “Espere aí. A imagem que estou dando do porquê você aprende o idioma de outras pessoas é para que você possa comprar coisas deles.” Depois, refleti sobre o tema bíblico de hospitalidade com desconhecidos. Levítico 19 diz: “Ame seu próximo como a si mesmo” (19:18), e alguns versículos depois: “Ame o estrangeiro como a si mesmo” (19:34). Pensei: “Se, como cristão, creio que aprendemos o idioma de outras pessoas por causa desse chamado de amar o nosso próximo e percebo que a maioria de nossos vizinhos não fala inglês, como isso mudaria os exemplos que escolho, as imagens que mostro, os diálogos que praticamos, a forma como monto o currículo?”
Quando você trabalha a partir dessa perspectiva e questiona os valores subjacentes que moldam o currículo que você está usando, é possível encontrar alternativas que outras pessoas acham atraentes.
P: Mas bons professores não pensam sobre esses tipos de perguntas, sobre como eles querem moldar seus alunos?
Em um mundo perfeito, sim, mas muitas coisas impedem isso. Os professores estão sob enorme pressão do tempo. É uma tarefa muito exigente. Eles estão sob crescente pressão para padronizar e alcançar a vários parâmetros e testes externos e, nos piores casos, pode se tornar um exercício gigantesco para atingir esses objetivos e fazer relatórios.
Torna-se um exercício de burocracia mais do que um exercício de ensino e aprendizagem. É como se o profissionalismo da profissão tivesse sido rebaixado, e os professores são tratados como pessoas que devem apenas garantir que todo o conteúdo seja coberto, e não como quem deveria pensar profundamente sobre o que está fazendo.
A maneira mais eficaz de pensar sobre nossos valores mais profundos e como eles afetam o que fazemos é o diálogo construtivo com os colegas. Quando você pode trocar ideias com os seus colegas, isso cria mais espaço para a autocrítica. No entanto, nas escolas, muitas vezes nos limitamos a dar nossa aula e somente vemos outras pessoas brevemente na hora do intervalo. É difícil criar tempo e espaço para uma colaboração profunda.
P: Quais são os valores implicitamente incorporados no ensino?
Há vários valores, dependendo do contexto e da área do currículo que você está ensinando. No exemplo da linguagem, comecei a questionar o consumismo do currículo. Outro exemplo dessa área é que, depois de um tempo, percebi que o primeiro capítulo de quase todos os livros de idiomas tinha o desenho de uma pessoa que usaríamos para nomear partes do corpo como uma maneira de aprender a descrever as pessoas. É divertido no início de um curso de idiomas poder dizer: “Meu irmão é alto e tem cabelos castanhos” e também é uma maneira de introduzir estruturas simples de frases. Depois de um tempo, percebi que os primeiros adjetivos que você aprendia eram “altos”, “baixos”, “gordos”, “magros”, “atléticos”, “desatentos”, “loiros”, “de cabelos castanhos, “de cabelos pretos”. Em outras palavras, estávamos preocupados com a aparência física. Os primeiros adjetivos não incluíam, por exemplo, “gentil” ou “honesto”. Novamente, o viés era para focar na atratividade externa. Essas são maneiras pelas quais um viés de valor é incorporado às escolhas que fazemos na sala de aula.
Eu vi livros didáticos de matemática, onde muitos dos exemplos são extraídos de finanças pessoais ou estatísticas de esportes. Usamos a matemática para muitas outras coisas no mundo exterior, mas, novamente, esse modelo cultural de consumo e lazer se reflete no currículo escolar. Uma das perguntas que os cristãos trazem para a mesa é: O que é um ser humano e o que significa para um ser humano crescer? Será que tornar-se competente para navegar as águas do consumismo e ter boas opções de lazer são suficientes para o aluno crescer? Ou precisamos encontrar maneiras de explorar como as habilidades que estamos aprendendo se encaixam em outros aspectos da experiência humana?
P: Então, é quase como se a própria formação cristã do professor o capacitasse para que ele identifique esses valores subjacentes que você viu?
É o que deveria estar acontecendo, mas apenas se os professores estão recebendo uma formação consistente o suficiente em seu próprio discipulado cristão, fazendo perguntas que vão além das narrativas do mundo da publicidade. Isso deveria nos levar a fazer esses tipos básicos de perguntas sobre o que estamos fazendo e por quê.
P: Em retrospectiva, havia algo singular no ensino de idiomas que abriu seus olhos para isso?
Acho que sim. O que me levou a questionar isso foi que eu me tornei cristão quando adulto e me tornei professor alguns anos depois, e então tive que descobrir o que essas coisas tinham a ver umas com as outras. A questão não era que eu não dava aula de Ensino Religioso ou de Bíblia. Nos meus primeiros anos como cristão, comecei a internalizar uma teologia que implicava que, se você fosse um cristão sério, seria um missionário ou pastor ou, pelo menos, daria aulas de Bíblia. Mas eu me vi ensinando idiomas com um senso muito claro de vocação, então tive que descobrir o que significava ser um cristão como professor de idiomas e não como professor de Bíblia. Descobri que não havia muito material sobre o assunto, então não havia respostas já estabelecidas. Eu tive que voltar ao princípio para tentar desvendar essas respostas.
Essas coisas se tornam vívidas quando você as observa historicamente. Examinei quatro livros didáticos em intervalos de aproximadamente cem anos nos últimos 400 — um publicado na década de 1650, um na década de 1730, outro em 1900 e ainda outro de apenas alguns anos atrás. No livro da década de 1650, o primeiro capítulo é “Convite à Sabedoria” e o último é “O Juízo Final”. No livro de 1730, o primeiro capítulo é “Coisas” e o último é “Interjeições”. No livro de 1906, o primeiro capítulo é “O Artigo Definido” e o último também é algo gramatical — adjetivos ou algo assim. No livro de alguns anos atrás, o primeiro capítulo é algo como “Eu e o que faço: posses e prazeres”. Então, passamos da sabedoria às coisas, das palavras “o” e “a” às posses e prazeres, nos capítulos de abertura desses livros didáticos de idiomas. Você pode acompanhar o histórico de mudanças sociais nas páginas dos livros escolares, mas até você dar um passo atrás e questioná-los, isso não parecerá estranho para nós, porque é a água em que nadamos.
P: Qual é a mensagem geral do seu trabalho para quem ensina?
Que ensinar não é apenas uma questão de técnica. Que as escolhas que fazemos na sala de aula têm efeitos formativos nos alunos que precisam se explicadas de várias maneiras. Os professores podem fazer escolhas sobre quem fala com quem e quais são os critérios de engajamento, sobre o que falamos, quais fotos vemos e quais exemplos ouvimos, para quais histórias somos convidados a participar, sobre quais habilidades temos que experimentar, sobre quais coisas devem ser silenciadas e jamais mencionadas, e sobre o que não vamos nos aprofundar.
Portanto, para que os professores sejam responsáveis por essas coisas, é necessário que façamos perguntas e convidemos outras pessoas a avaliar o que estamos fazendo em termos do que está sendo dito implicitamente por meio das nossas escolhas didáticas e pedagógicas — não apenas por nossas palavras, mas pela maneira como estruturamos o ambiente de aprendizagem. Há uma responsabilidade básica, e isso só pode acontecer em algum tipo de comunidade. Requer conversa um com o outro. Professores cristãos devem ter a que e a quem recorrer. Eles acreditam no corpo de Cristo, na responsabilidade e no encorajamento mútuo, mas isso nem sempre é articulado muito bem como ver nosso chamado como algo que exercemos em comunidade com outras pessoas que compartilham do mesmo chamado.
P: Você também pesquisa como as novas tecnologias estão remodelando a educação. Conte-nos sobre isso.
Há cinco anos, montamos um projeto para analisar a tecnologia em ambientes educacionais confessionais. Não estávamos muito interessados em perguntas como: se você fornecer notebooks para crianças, a pontuação no ENEM aumentará? Estávamos muito mais interessados em perguntas como: se você dá notebooks para crianças, que mudanças haverão na cultura educacional? Nos padrões de relacionamento? Na experiência de amadurecimento dos alunos? Se é uma escola cristã, o que muda na maneira como a ela entende o discipulado e a comunidade cristã?
Passamos vários anos coletando dados em cinco escolas e pudemos criar uma imagem rica do que estava acontecendo ao longo de um período em uma escola que havia investido muito em tecnologias digitais. Foi um projeto grande, com muitas descobertas diferentes, mas aqui estão algumas que são interessantes.
Quando conversamos com os pais, eles estavam preocupados com as mídias sociais, o cyberbullying e a pornografia. A sua preocupação era que se os alunos passassem mais tempo com os dispositivos digitais na escola, isso aumentaria o risco de exposição àquelas coisas. O que descobrimos, de fato, foi que as escolas estavam tendo uma influência positiva, coibindo exposição dos alunos a essas coisas. Os estudantes relataram níveis mais baixos de envolvimento com pornografia, por exemplo, do que as médias relatadas em estudos mais abrangentes, incluindo alunos cristãos e não cristãos. Os esforços das escolas para ensinar responsabilidade no uso da tecnologia pareciam estar dando resultado.
Mas o que vimos o tempo todo — provavelmente o abuso número 1 de tecnologia que vimos — foram os alunos fazendo compras durante as aulas. Havia muitos exemplos de alunos em sala de aula com seus dispositivos abertos em um site de compras, talvez apenas olhando as “vitrines” em vez de comprar de fato. Um aluno disse que foi ótimo aprender com notebooks porque dá pra digitar mais rápido, o que significa que você pode concluir a tarefa mais cedo e, daí “quando terminar, enquanto o professor estiver falando, eu posso ir às compras”. E isso em de uma aula de Bíblia. Então, se você está fazendo perguntas sobre a formação espiritual, que formação está ocorrendo?
P: Isso nos mostra a educação consumista de que você estava falando. Está funcionando.
Exatamente. Até recentemente, a publicidade não aparecia no meio do seu livro de matemática, mas agora que os alunos estão aprendendo em dispositivos, você pode acessar lojas virtuais no meio da aula. No entanto, descobrimos que, se os estudantes encontrassem pornografia ou outros tipos de “coisas erradas” na internet, sabiam que deveriam fechar o notebook e chamar o professor. Mas não ouvimos nada disso em situações de compras. Eles foram bastante transparentes porque, afinal, sites de compras não são ruins, certo? Eles não são os sites com que os pais estão preocupados; portanto, passar 10 minutos fazendo compras durante a aula, parecia-lhes perfeitamente justificável.
Outra descoberta foi como a tecnologia está corroendo as fronteiras entre trabalho e lazer. Isso levanta questões sobre quanto do dia em que a escola é responsável pelos alunos. Se um aluno enviar um e-mail ao professor às 23:30 para obter ajuda com a lição de casa, o professor deve responder? Muitos dos professores mais dedicados estavam respondendo, o que significava que não havia tempo em que eles não estavam trabalhando.
Se seus alunos entregarem a lição de casa eletronicamente e o horário de envio foi às 2 da manhã, lidar com isso é responsabilidade do professor ou dos pais? Professores nos contaram histórias sobre os pais enviando e-mails às 22h e depois perguntando na porta da escola na manhã seguinte se eles já haviam resolvido a questão. Ou pais mandando SMS no meio da aula dizendo que “vou buscar meu filho em 15 minutos”.
É essa expectativa de resposta instantânea dos pais via comunicação eletrônica. É a maneira pela qual a comunicação digital está corroendo os limites entre a casa e a escola, e quem é responsável pelo aluno e quando. Sem expectativas claras e de comum acordo, isso cria a pressão para que os professores se envolvam no de forma cada vez mais heróica.
Texto original publicado em 5 de março 2019 por Faith & Life. Traduzido com permissão. Acesso ao original em https://faithandleadership.com/david-i-smith-what-being-christian-has-do-how-we-teach
Tradução: Tami Sato
Revisão: Raphael A. Haeuser
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