Precisamos Falar Sobre Autismo

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), mais conhecido como Autismo, é um transtorno do Neurodesenvolvimento que afeta áreas do comportamento, socialização, comunicação, com prejuízos significativos na vida diária, e com a presença desde a infância.  Além disso, podem ter alterações sensoriais (audição, visão, propriocepção, vestibular, oral, tato e interoceptivo). O TEA é classificado em três níveis de suporte, e quanto maior o nível, maior a necessidade de suporte.

É recorrente que outros transtornos e condições estejam associadas, o que é chamado de comorbidades, entre estas podem estar: ansiedade, depressão, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), insônia, agressividade e seletividade alimentar. Cientificamente não foi encontrado cura para o TEA, e os medicamentos utilizados não são específicos para o transtorno, no entanto, são utilizadas medicações para tratamento, como para a melhora da atenção, diminuição da agitação, da agressividade, de buscas sensoriais, da depressão, e dentre outras.

Vale ressaltar que o transtorno será diferente em cada pessoa, mesmo que no mesmo nível de suporte, pois cada ser humano tem suas especificidades. Cada pessoa tem a influência de seus contextos ambientais e sociais, crenças e valores, terapias utilizadas, e as experiências de vida. A ida à profissionais de uma equipe multiprofissional, é essencial, tanto para obter um diagnóstico, quanto para o tratamento de suas necessidades. Quanto mais cedo iniciar as avaliações e terapias, maiores chances de desenvolvimento, e de diminuição de aspectos que dificultam a autonomia e independência.

Este é um transtorno complexo, com diversas possibilidades de fatores que auxiliam ou prejudicam a participação nas ocupações, inclusive o engajamento em atividades sociais, escolares e religiosas. Assim, dentre de todo esse contexto, qual o papel do corpo de Cristo? Como incluir pessoas com TEA nas programações da escola? Como levar o evangelho a elas? Para discutir sobre o tema e trazer algumas perspectivas sobre o assunto, iremos dividir em três tópicos:

  1. O conhecimento é a primeira etapa para iniciar a inclusão destas pessoas. Apesar de cada vez mais ser um assunto falado, ainda é um transtorno estigmatizado. A falta de conhecimento forma barreiras, inclusive no engajamento nas atividades escolares. Uma das formas de levar conhecimento, é por meio de profissionais de saúde e educação habilitados, para falar sobre o assunto com os professores e pais. É necessário também, o conhecimento sobre o indivíduo com TEA por meio de conversa com pais, e, caso oportuno, com a pessoa com TEA para entender o que auxilia e o que prejudica a sua participação na comunidade escolar.
  2. A ambientação e a adaptação são estratégias a serem utilizadas para maior conforto, e favorecimento à participação nas atividades. Para algumas pessoas com TEA, muitas luzes, sons altos, toque das pessoas, são fatores que causam desregulação. A depender da estrutura de cada igreja, pode ser separado um lugar com poucos estímulos visuais e sonoros, e que tenham itens que regulam (sendo variado de indivíduo para indivíduo), para que, ao ocorrer uma crise, a pessoa seja levada para se regular. Além disso, a realização de adaptação de materiais didáticos pode ser necessária, utilizando atividades e exemplos mais concretos (em função da dificuldade em compreender o abstrato), e utilização de imagens, principalmente para os não verbais.
  3. A compreensão e suporte à família é de suma importância para a inclusão, não somente da pessoa com TEA, mas de toda a sua família. O estigma de transtornos, e da saúde mental, ainda é presente nas igrejas, o que muitas vezes causam dificuldades de busca por tratamento adequado, e dificuldade de acolhimento às famílias. A falta de compreensão, olhares julgadores, e comentários inadequados, sobre os barulhos, inquietação, e outros comportamentos, faz com que muitos pais fiquem incomodados, e algumas vezes, envergonhados. O resultado disto muitas vezes é a diminuição da frequência nas programações, ou, o revezamento de quem vai à igreja, para que o filho não atrapalhe as programações.

É fundamental que, apesar das dificuldades, a família seja acolhida e cuidada, e a pessoa com TEA possa exercer a sua participação, dentro das suas possibilidades. O evangelho precisa ser anunciado, de uma forma compreensível para as crianças, jovens e adultos, olhando as suas dificuldades. Os relacionamentos precisam ser exercidos entendendo os limites de cada um, tendo paciência e compreensão com os aspectos do outro. As pessoas com TEA e suas famílias devem ser os protagonistas na expressão do que pode ser feito dentro de cada contexto e devem estar abertos para serem cuidadas.




Alessa Medeiros

Alessa é terapeuta Ocupacional, formada pela UFPA, especialista em Estratégia Saúde da Família, e especialista em Terapia ABA aplicada ao Autismo.

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