Mais do que Simples Números: vendo Deus na complexidade da matemática

“A beleza está na complexidade”. Essa foi uma das frases que eu mais escutei durante o tempo em que estava na faculdade. Diferente de muitos acadêmicos da área da matemática, nunca fui uma estudante de exatas apaixonada por números e curiosa para entender todos os detalhes que compõem uma expressão algébrica. Porém, conforme fui me aprofundando no estudo da matemática aplicada, fui percebendo como ela nos ajuda a compreender e interpretar o mundo, descobrindo relações, padrões e modelos que apontam para uma obra complexa, mas ao mesmo tempo, extremamente bela. Uma criação que só pode ter sido feita por um Autor perfeito e é exatamente isso o que me motiva a cada dia compartilhar um pouco mais sobre o meu conhecimento matemático.
Ainda me lembro da minha primeira aula da faculdade. Era uma segunda-feira de manhã, a aula duraria cerca de quatro horas e o nome da matéria era Matemática Elementar I, que se dedicava a estudar os fundamentos da matemática básica. Ou seja, é um conteúdo essencial para você poder continuar na área das exatas e entender as matérias que viriam em seguida. Eu estava muito animada e agitada para começar a minha tão sonhada jornada acadêmica, sem saber direito o que esperar daquele período de aula. Entrei na sala, era uma turma relativamente grande e a professora começou a explicar a matéria logo em seguida. Ela se aproximou do quadro e fez uma demonstração muito “básica” que provava que a dízima periódica 0,999 era igual a 1. O primeiro e único pensamento que tive durante toda aquela manhã foi: “Isso não faz o menor sentido”. Mesmo ela comprovando aquela igualdade através de argumentos matemáticos, não entendia por que precisava aprender aquilo se não ia ensinar aos meus futuros alunos, literalmente não entrava na minha cabeça. Naquele dia, deixando a sala de aula, pensei seriamente em desistir da matemática e ir para a pedagogia, porque não sabia como faria para compreender a complexidade por trás dos fundamentos e teoremas.
À medida que os semestres da faculdade foram passando, fui aprendendo um pouco mais sobre aquelas regras, métodos e proposições matemáticas e durante este processo compreendi uma coisa fundamental que me ajudou significativamente no meu processo de aprendizagem e que hoje tento aplicar na minha metodologia de ensino. Cada vez mais tenho percebido que para aprender e ensinar sobre os fundamentos dos números, precisamos conectar isto à realidade dos alunos. Esta, porém, não é uma tarefa muito simples; na verdade, talvez seja um dos maiores desafios dos docentes da matemática. A pergunta que muitas vezes me faço quando estou planejando uma aula é: Como posso levar esta bela complexidade aos estudantes, de forma que eles não fiquem entediados e desinteressados pelo conteúdo? Não quero que eles tenham a mesma reação que eu, desesperados e pensando em desistir logo após a primeira aula. A solução que tenho encontrado para isso é criar conexões entre a matemática e as suas realidades diárias. Busco mostrar que através de uma fórmula ou de um teorema eles podem compreender aspectos do mundo em que estão inseridos e, dessa maneira, eles possam ser atraídos pela beleza que está na complexidade.
Desde as últimas décadas, estudos revelam que a matemática é considerada uma das melhores formas de concretizar a realidade em que vivemos. Como professores, devemos utilizar isso para despertar o interesse dos alunos e demonstrar que a matemática está aplicada no mundo complexo, porém perfeito, que Deus nos concedeu. Para compreender melhor onde vivemos, podemos utilizar conceitos relacionados à geometria, por exemplo, que estuda as relações dos espaços 2D, 3D e muitos outros. Ou podemos interpretar o mundo utilizando conceitos da lógica, que buscam sistematizar as formas de pensar através da dedução, hipótese ou indução, nos ajudando a resolver problemas.
De fato, Deus criou um mundo tão incrível que podemos aplicar conceitos da matemática aos menores detalhes. Quando olhamos a natureza, podemos identificar formas, semelhanças, proporções, regularidade e harmonia, todos aspectos da matemática. Por meio de cálculos, entendemos um pouco mais sobre como o nosso universo funciona, seus movimentos, mudanças climáticas, composição. Compreendemos também sobre o nosso próprio corpo, quantas calorias devemos comer ou quantos litros de água devemos beber. Tudo isso criado por um Deus soberano que pensou em cada detalhe e compartilha este conhecimento conosco.
A dura realidade é que um conteúdo que supostamente nunca será utilizado pelo aluno e que não está inserido em sua realidade, não lhe vai interessar. Por isso, precisamos ser criativos para mostrar que, em diversos momentos do dia a dia, eles estão em constante contato com conceitos matemáticos. De fato, em quase tudo ao nosso redor há um pouquinho de matemática, seja para ir ao mercado, comprar um tênis novo, fazer um jantar para amigos, limpar o carro, usar o celular, assistir a um filme, ou organizar seu tempo. Sempre estamos nos deparando com números, cálculos e fundamentos matemáticos inconscientemente, e cabe a nós, professores, tornar esse processo consciente.
A matemática pode ser considerada uma ferramenta para compreender a relação homem vs. criação de forma cotidiana, intuitiva e concreta, pois quando observamos uma simples folha de árvore, uma grande construção ou a previsão do tempo, nos deparamos com ela. Além de contribuir para o desenvolvimento do raciocínio lógico, a complexidade da matemática vai muito além de números. Ela também demonstra a beleza de Deus e de sua criação impecável, comprovando e afirmando um universo projetado e ordenado. Entender mais da criação nos ajuda a entender melhor o Criador e a matemática contribui para isso.

Ana Rute Formiga


Ana Rute é missionária do TeachBeyond. Graduada em Matemática, está atualmente iniciando uma especialização em Engenharia 4.0. Além disso, Ana estudou Teologia por três anos no Seminário Teológico de Gramado e, agora, dedica-se a integrar novas tecnologias às metodologias educacionais, buscando ampliar o impacto da educação tanto no aspecto acadêmico quanto no desenvolvimento espiritual de seus alunos.

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