Transformação em Ação

O cenário educacional mudou drasticamente nos últimos anos. A educação se tornou um catalisador na navegação de nossa civilização, transformando vigorosamente as perspectivas das mentes jovens em muitos aspectos de suas vidas.
Professores experimentam um senso de satisfação quando veem as conquistas de seus alunos. Ao mesmo tempo, os professores enfrentam uma variedade de desafios, como gestão da sala de aula, carga de trabalho, diversas necessidades de aprendizagem e espiritualidade. Apesar desses desafios, muitos professores continuam a fazer uma contribuição significativa e a impactar a aprendizagem dos alunos.

O Ensino como um Chamado

Geralmente, o ensino baseia-se em habilidades cognitivas que permitem aos alunos processarem informações e conceitos para o desenvolvimento geral. No entanto, quando se trata de educação transformadora, um dos objetivos é focar no ensino centrado na pessoa, o que inclui ouvir espiritualmente, ver espiritualmente e compreender espiritualmente. A educação não é apenas sobre transmitir conhecimento, mas também sobre ajudar os alunos a aplicarem o que estão aprendendo. O ensino cognitivo sem a capacidade de perceber esses três princípios importantes não vai gerar transformação na vida dos alunos.

Jesus frequentemente demonstrou sua capacidade de provocar mudança e transformação em Seu ensino (Jo 1:12). Seu principal objetivo é a transformação integral, que se concentra em uma mudança profunda no coração e na vida (Mt 4:23). A transformação deve ser intencional e pode ocorrer quando um educador reconhece e vê o ensino como um chamado de Deus, alinhando-se à vontade de Deus e servindo aos outros para impactar suas vidas. O ensino deve ser considerado uma tarefa nobre com uma missão espiritual ainda maior. Nosso chamado para o ministério de ensino envolve nosso compromisso em trazer transformação e exige a imitação de Cristo (1Co 11:1). O ensino de Jesus para seus discípulos fazia parte de sua vida. Ter essa convicção pode ter um impacto significativo na vida de nossos alunos.

Educação Contextual

Somente se compreende um problema e um conteúdo quando se conhece o contexto. Nada existe de forma isolada, e tudo está interconectado de alguma maneira. Da mesma forma, somos influenciados por nosso ambiente e contextos. Portanto, entender os alunos requer conhecer ou perceber seu contexto cultural e geopolítico. Para promover uma mudança abrangente, devemos reconhecer e abordar a base contextual da educação, levando em consideração os aspectos sociais, espirituais e emocionais de cada aluno. Isso ajuda professores e alunos a terem melhor coordenação e comunicação na promoção da educação transformadora.

Duas das gerações atuais são chamadas de Geração Z e Geração Alfa. Compreender as perspectivas e preferências de aprendizagem dessas gerações é vital, permitindo que os professores respondam e projetem seus métodos de ensino de maneira adequada. Alguns de nossos métodos de aprendizagem educacional podem se enquadrar em um método de ensino mais convencional e podem não ter tanto impacto na Geração Z ou na Geração Alfa. Isso não nos impede de ensinar essas gerações. Em vez disso, devemos buscar tornar nosso sistema educacional relevante, eficaz e vibrante, trazendo um aprendizado transformador e uma espiritualidade cristã.

Aprender dentro do contexto estimula e motiva o envolvimento dos alunos na experiência de aprendizagem. Quando a educação se torna relevante e compreendida, os alunos podem processar o significado em seu contexto e traduzi-lo para sua própria experiência, o que pode ter um impacto maior.

Deixe-me dar um exemplo. O cristianismo trouxe uma vida transformadora para a área onde trabalho no Sul da Ásia. Um dos fatores que apoiou essa transformação foi a educação contextual – métodos de ensino e aprendizagem que permitiram que professores, alunos e a comunidade articulassem e refletissem com base em seu contexto. Isso incentivou e permitiu que as pessoas aprofundassem seu crescimento e elevassem seus padrões econômicos dentro da família e da sociedade. Isso, eventualmente, iluminou as mentes das pessoas e se tornou uma ferramenta libertadora que Deus usou para livrar as pessoas de demônios espirituais e sociais.

Guru e Shishya

Um dos métodos notáveis do modelo de ensino de Jesus é a maneira como Ele se relacionava com os discípulos. Ele via a importância de desenvolver relacionamentos que possam, eventualmente, trazer vida transformadora para seus discípulos. Uma ilustração que exemplifica o método de ensino de Jesus e esse conceito de transformação em ação é o relacionamento entre guru e shishya no sistema educacional indiano. No contexto indiano, a relação professor-aluno é considerada sagrada. Um guru é visto como mais do que um mero professor religioso, sendo, em vez disso, um representante de Deus. A relação do guru com seus alunos baseia-se em uma abordagem integral que enfatiza tanto o conhecimento cognitivo quanto a espiritualidade.

Como educador, uma das minhas lutas é o discipulado. A educação não se trata apenas de ajudar os alunos a atingirem seus objetivos, mas também de construir um relacionamento cordial e duradouro. Tenho visto alunos passando por vários desafios. A maioria deles espera que seus professores os ajudem a navegar por seus dilemas e desafios. Por exemplo, encontrei um aluno que havia passado por uma depressão severa e sentia um sentimento de desesperança. Ele se sentia rejeitado e acreditava que sua única opção viável era cometer suicídio. Minha pergunta imediata (e não profissional) foi: “Por que você não compartilhou isso com seus professores?” Ele me deu uma resposta chocante e inesperada, dizendo: “Eu não tinha forças nem confiança para compartilhar com meus professores.” Sua resposta me atingiu tão profundamente, e eu percebi o grande abismo entre o guru e o shishya.

O relacionamento entre guru e shishya é frequentemente caracterizado por amor e compreensão mútua. Esse relacionamento é considerado espiritual e vai além do ensino acadêmico em sala de aula. O guru que se envolve ativamente com seu shishya no processo de aprendizagem reconhece e aborda as fraquezas e forças de cada shishya. Nós, como professores cristãos transformadores, também podemos aprender e adaptar os princípios importantes do paradigma milenar de guru e shishya, especialmente estudando o relacionamento entre Jesus e Seus shishyas.

Conclusão

O objetivo da transformação é ajudar os alunos a entenderem sua verdadeira identidade e se tornarem mais parecidos com Jesus em seus empreendimentos futuros. Howard Hendricks diz: “Você não pode comunicar a partir de um vácuo. Você não pode transmitir o que não possui.” Isso significa simplesmente que a vida transformacional deve começar em nós. À medida que nos tornamos parte da vida dos alunos e nos envolvemos ativamente no processo de ensino-aprendizagem, podemos encorajá-los à transformação em ação.

Ashong Serto


Ashong é um educador teológico no Sul da Ásia.

Texto original disponível em: https://teachbeyond.org/article/transformation-in-action

Traduzido por Natália Vergani Cartelli.

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