Maio Laranja – Salvaguarda, Espírito Santo e Educação
O ano de 1973 marcou um lamentável acontecimento: a morte de Araceli Crespo, uma menina de 8 anos, que foi sequestrada, drogada, violentada e assassinada em Vitória, Espírito Santo. Em 2000, foi instituída uma lei federal, que designou o dia da morte de Araceli como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Essa iniciativa deu origem à mobilização 18M Maio Laranja, que adota a cor laranja e o mês de maio como símbolos na luta contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes.
A violência contra crianças representa uma grave afronta aos direitos assegurados em documentos internacionais, como a Convenção sobre os Direitos da Criança, e em legislações nacionais, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Para nós, cristãos, porém, essa questão é especialmente importante porque além de compartilhar o desejo de proteger os vulneráveis como esses movimentos seculares, nós reconhecemos que as crianças são criadas à imagem e semelhança de Deus. O seu desenvolvimento humano ainda incompleto não as rebaixa de sua posição de pessoas dotadas de dignidade. Por isso, Deus exige de nós um tratamento digno, que respeite a vida humana.
As Escrituras nos exortam a educar nossos filhos com amor e disciplina, dedicando tempo e esforço a essa nobre tarefa. Entendemos, assim, que investir na educação é parte do plano divino para o relacionamento entre pais e filhos. Ainda que a educação comece em casa, como educadores, somos parceiros essenciais dos pais nessa missão de formar a próxima geração. Vemos relatos bíblicos, como o da família de Jesus, que viajavam juntos a Jerusalém, apoiando-se mutuamente em uma jornada de aproximadamente 150 quilômetros. Os pais de Jesus só perceberam a ausência dele após algum tempo, revelando a importância do suporte comunitário na educação. Em sociedades formadas por clãs, essa educação era compartilhada, pois todos viviam muito próximos uns dos outros.
Atualmente, nem sempre é assim. Nem todos temos a proximidade familiar de outrora, mas devemos lembrar que a família da fé é igualmente importante. Nesse contexto comunitário, é essencial reconhecer a Grande Comissão, que nos convoca não apenas a ir, mas a fazer discípulos, ensinando tudo o que Jesus nos ordenou. Nós, educadores, temos a responsabilidade de ser exemplos para nossos alunos, que nos observam constantemente. Deus nos chamou para que, em tudo o que fazemos, sejamos exemplos de seguidores de Jesus para a Sua glória. Mais do que uma profissão, essa é nossa missão e nosso papel dentro do corpo de Cristo como comunidade de fé.
A escola e os educadores desempenham um papel crucial no combate às violências por meio de ações integradas e preventivas, que podem incluir:
- Conscientização para alunos e comunidade;
- Promoção de um ambiente seguro onde as crianças se sintam ouvidas e confortáveis para discutir assuntos difíceis;
- Identificação de sinais e sintomas de violência e atuação em parceria com psicólogos, assistentes sociais e outros educadores, de forma multidisciplinar;
- Desenvolvimento de programas de prevenção, autoproteção e habilidades emocionais e sociais para os alunos.
A escola e os educadores cristãos têm na sua atuação, como Jesus disse, um campo vasto, branco, pronto para a colheita. Crianças e adolescentes estão prontos para ouvir do amor de Deus e precisam de referências de amor e respeito. Deus está agindo no mundo e usando seus filhos para a proclamação do evangelho, e nós, educadores cristãos, não podemos perder a oportunidade de fazermos parte desse movimento de redenção. Somos parte da solução, não do problema, no processo redentor que Jesus está realizando. Isso não é lindo? Olhar sua atuação educacional pelas lentes da redenção?
Vivemos em um mundo ferido, mas, como parte do povo de Deus, podemos nos engajar na tarefa de Deus, que é o Redentor, autor e consumador da fé, de redimir este mundo que clama por justiça, em muitas histórias como a da Araceli. Embora não possamos evitar os erros e as dores do passado, podemos trabalhar juntos para transformar nossas escolas em ambientes mais seguros, onde o evangelho da graça de Deus se manifeste plenamente — notoriamente, não apenas em palavras, mas também em ações. Dessa forma, poderemos celebrar futuramente com Cristo a Vitória de ver o Espírito Santo agindo em nossas vidas escolares.
Arite Júlia
Arite Julia é uma brasileira que vive no Uruguai, casada com Creuse e mãe do Noah e da Manuela, faz parte da Equipe de Salvaguarda e da Tradução do TeachBeyond. Ama as Escrituras, a educação, as amigas, tricô e crochê, patchwork e férias.
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