Cultivando a Cultura do Discipulado

Sou capelão do ensino fundamental e do ensino médio e professor de Bíblia para turmas do 6º ao 3º ano, anos finais. Em qualquer dia da semana, você pode me ver cantando “Jesus me Ama” com os alunos do jardim de infância e, minutos depois, discutindo as nuances da divisão sunita/xiita com os alunos do último ano do ensino médio. Cultivar uma cultura de discipulado parece diferente entre todos os níveis escolares, mas também existem algumas verdades atemporais que tendem a ser eficazes.

Discipulado ao longo dos anos

Bill Mitchell, presbítero da minha igreja natal nos EUA, descreve a criação de filhos como se fosse um furacão de três fases. A chave para a primeira parte dessa tempestade, discipular os filhos mais novos, é a autoridade. Essas crianças precisam de instruções consistentes e mais claras possíveis. Durante a escola primária, chega a segunda fase: o olho da tempestade. No olho da tempestade, as crianças ganharam alguma independência, e pode ser tentador deixá-las ocupadas e felizes e também um bom momento para dar um passo pra trás e observar. Minha filha de oito anos está nesta fase. Se não fizermos nada, ela se contenta em se sentar em frente ao fogão da cozinha e ler o dia todo. Isso pode parecer um problema bom, mas não se pode ficar “no olho de um furacão” para sempre. A adolescência está chegando. Os adolescentes têm um olhar atento para a inconsistência e a hipocrisia, e a chave é fazer todos os esforços para discipular partindo de uma perspectiva de humildade e integridade.

Uma cultura de discipulado para alunos mais jovens

Discipular alunos mais jovens é ajudá-los a dar seus primeiros passos na Fé. Nos últimos três anos na minha escola, dez alunos pediram a Jesus para serem seu Salvador e todos os dez entre a terceira e quinta série! No entanto, isso não acontece do nada. Do jardim de infância ao Fundamental II, é nosso dever sagrado contar histórias. No espírito de manter as coisas preto no branco, você deve deixar de fora alguns dos detalhes para maiores de treze anos do livro de Juízes, mas todas as histórias bíblicas são inspiradas por Deus e são proveitosas (2Tm 3:16) para ajudar as crianças a moldar um contexto para a história da redenção.  Certa vez, eu estava ensinando uma capela sobre a cobra de bronze, e uma aluna da quarta série levantou a mão e perguntou: “Como voltamos nossos olhos para Jesus?” Esta é a pergunta dos sonhos de todo professor! Esta não foi a primeira vez que ela ouviu a história, mas foi um momento que Deus usou para abrir seus olhos espirituais para uma verdade poderosa.

Uma cultura de discipulado para alunos mais velhos

A abordagem “de dentro para fora” de Stephen Covey é altamente eficaz em muitos cenários, mas especialmente no discipulado de alunos mais velhos.[1]caráter do professor/líder é fundamental para qualquer mensagem que ele deseje comunicar. Quanto mais ele for semelhante a Jesus, maior é a chance de reproduzir jovens seguidores de Cristo. Quando um aluno é totalmente ensinado, ele seguirá os passos do seu professor (Lc 6:40).

Recentemente, participei de um grande seminário com alguns de meus alunos do ensino médio, e Matt Coe estava ministrando um excelente treinamento de liderança. Matt é um comunicador digno e experiente, enquanto os participantes, silenciosos e engajados. Matt estava compartilhando sobre aquele princípio de William McRaven[2] de que, se você quiser começar a mudar o mundo, arrume primeiro a sua cama, quando, para meu horror, uma das minhas alunas do 9º ano levantou a mão e perguntou: “Você arruma a sua?” Nunca em um milhão de anos qualquer adulto na sala teria feito essa pergunta, mas para uma aluna da nona série, era de extrema importância. Felizmente para Matt, ele foi capaz de relatar que sim: ele arruma a dele!

Devemos tornar nosso objetivo ser santos como Deus é santo (1 Pedro 1:16), e uma vez que esse processo não estará completo antes que os alunos cheguem neste estado, também devemos ser humildes. Podemos manter e compartilhar nossas crenças com paixão, mas é melhor sermos igualmente apaixonados por praticar o que pregamos. Precisamos estar prontos dentro e fora de época para ensinar, mas igualmente prontos para aprender.

Verdades atemporais para o discipulado

A maneira como nos relacionamos com os alunos pode mudar com as estações, mas também há algumas verdades atemporais para o discipulado que sempre se aplicam. Meus dois principais são: me apegar firmemente a Jesus e orar sem cessar.

Programas e pessoas vêm e vão, mas Jesus existe para sempre. Podemos experimentar um grande sucesso com um programa em um ano, mas vê-lo minguar no próximo. Podemos realmente criar aquela sensação “Eureka!” nos nossos alunos e pensar que, com isso, estamos ganhando terreno; para nos decepcionarmos em seguida, quando ele se afasta ou para de aparecer. Certa vez, perguntei a um mentor como meu tempo/esforço deveria ser distribuído entre os alunos que desejam ser discipulados e os alunos que mais precisam dele. Ele aconselhou 60/40 em favor daqueles que querem ser discipulados. Existem camadas para isso, mas no ambiente do ensino médio, com o aluno médio, eu recomendaria convidá-los para oportunidades de discipulado, não persegui-los pelo corredor. Nas estações frutíferas e nas estações estéreis, segure firmemente em Jesus e deixe o resto com Ele.

Segundo, ore sem cessar. Se você decidir hoje: “Vou cultivar uma cultura de discipulado em minha sala de aula”, isso seria maravilhoso. O problema é que amanhã, alunos reais com problemas reais entrarão pela sua porta. Eu, por exemplo, regularmente me encontro em situações que exigem mais sabedoria do que possuo atualmente e devo fazer uma pausa para orar. Fechar uma aula com oração é bom, mas pode ser uma prática melhor parar no meio de seus afazeres comuns para parar um instante, e orar. “Se algum de vocês tem falta de sabedoria [e temos!], você deve pedir a Deus [dia a dia, hora a hora], que dá generosamente a todos sem encontrar falhas e isso será dado a você.”  (Tiago 1:5 NVI, grifo nosso). Jesus é para você. Uma das últimas coisas que Ele disse aos Seus discípulos foi cultivar uma cultura de discipulado, então sabemos que estamos orando em Sua vontade, e Ele estará conosco sempre, até o fim dos tempos.




Peter Sargent

Peter Sargent é o capelão da Escola GDQ na Albânia. Ele cresceu em Nova York, frequentou a Liberty University e lecionou em três escolas cristãs em três continentes. Ele tem uma esposa e quatro filhos, e seus hobbies favoritos incluem lavar pratos e ajudar as crianças com a lição de casa.

Texto original disponível em: https://teachbeyond.org/article/cultivating-a-culture-of-discipleship#_ftn2

Traduzido por Dave G. Farias.

[1] Veja o livro “7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”

[2] Veja https://jamesclear.com/great-speeches/make-your-bed-by-admiral-william-h-mcraven

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