Santidade:
separados para missão
(série valores)
Santidade é um dos valores essenciais da TeachBeyond e uma palavra frequente na Bíblia. O adjetivo ‘santo’, por exemplo, aparece mais de 650 vezes, sendo usado para descrever coisas um tanto comuns como livros, pessoas, dias e até panelas! (Zc 14:21) Mas em que sentido essas coisas podem ser santas? O que seria um professor santo? E que diferença isso faz para a nossa sala de aula e a forma como ensinamos?
A palavra ‘santo’ na Bíblia é usada para descrever algo ou alguém separado por e para Deus. Pessoas e objetos inanimados são santos quando são dedicados totalmente a Deus, exibindo a pureza moral que vem do Seu caráter santo. Um professor santo, nesse caso, não é alguém perfeito, mas alguém que sabe que não pertence mais a si mesmo, pois foi comprado por um ‘alto preço’ (1Co 6:19–20). Um professor santo, não vive mais para si mesmo, mas vive inteiramente para Deus. A santidade na vida cristã e na educação tem duas dimensões principais, inseparáveis e complementares, como uma moeda de dois lados. Ambas aspectos podem ser percebidas na Oração Sacerdotal de Jesus:
Agora vou para ti, mas digo estas coisas enquanto ainda estou no mundo, para que eles tenham a plenitude da minha alegria. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou. Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno. Eles não são do mundo, como eu também não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo. Em favor deles eu me santifico, para que também eles sejam santificados pela verdade.
—João 17:13–19
A primeira dimensão da santidade é o seu diferencial ético. No texto em questão, vemos isso na repetição da expressão ‘eles não são do mundo’. Justamente por pertencermos a Deus, temos valores, padrões e perspectivas éticas diferentes ‘do mundo’. Mas o que é esse mundo, que odeia a Cristo e os seus seguidores? Seria o planeta terra (Ef 1:4)? Seriam as pessoas que nele habitam e Deus ama (Jo 3:16)? Creio que não! ‘Mundo’ aqui é a forma como uma sociedade caída se organiza para (tentar) fazer a vida—e no nosso caso também a educação—funcionar sem Deus (1Jo 2:15–17).
Em um nível pessoal, um professor santo vive de forma diferente do mundo a sua volta, pois ele busca exibir traços do caráter de Deus em tudo o que faz. Certamente isso afeta a forma como ele vai interagir com os alunos, o gerenciar da turma, aplicar políticas de disciplina, etc. Isso nos leva naturalmente ao nível educacional. Uma professora santa não vê a educação com os mesmos olhos do mundo; ela não ensina apenas para que os alunos passem no vestibular ou no ENEM, ou para que sejam bons cidadãos ou profissionais eficientes. Isso é bom, mas como cristãos vamos além. Olhamos para a formação do caráter, para a relação com o próximo, para o desenvolvimento e uso sábio da tecnologia, entre outras coisas.
Contudo, a santidade bíblica não é sectária pois a sua outra dimensão é o seu caráter missional. Assim como Jesus, não somos do mundo, mas somos enviados ao mundo. É justamente a esse mundo caído que Ele veio para resgatar. Essa dinâmica de “separação para missão” começou com Abraão que teve que sair do seu mundo—Ur dos caldeus—para poder tornar-se uma bênção para todas as nações (Gn 12:1–3), depois continuou na formação do povo de Israel, tirado do Egito para o elo de ligação entre Deus e as nações (Ex 19:4–6), e agora está conosco como Igreja para “anunciar” um evangelho de transformação (1Pe 2:9–10). Por isso, professores cristãos não podem limitar o seu campo de atuação a escolas cristãs ou confessionais. Devem estar presentes também nas escolas públicas, particulares laicas e nas universidades.
Quando Jesus pede ao Pai ‘santifique-os na verdade’, ele está pedindo que a verdade das Escrituras molde a nossa forma de pensar e agir tanto a um nível pessoal quanto educacional. Ele está pedindo que o Pai continue esse trabalho de formar um povo exclusivo, dedicado a exibir o seu caráter e a cumprir os seus propósitos do mundo. Ele esta pedido que nós vivamos a transformação que anunciamos e queremos ver no mundo e na sala de aula.
Raphael A. Haeuser
Coordenador do Didaquê e Consultor Educacional
TeachBeyond Brasil
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