A perguntas foram breves, mas as respostas compartilham reflexões profundas para nós, como peregrinos nesta terra.
Convidamos para conhecer um pouco mais sobre o processo de revisão dos valores do TeachBeyond, através da participação e do olhar de Armando Castoldi, vice-presidente do TeachBeyond Brasil, e um dos representantes do País junto à assembleia-geral do Global.
- Como foi participar do processo de reformulação dos valores do TeachBeyond?
Faço parte, juntamente com o Marcos Reis, que é o nosso presidente do Comitê Global do TeachBeyond, onde o Brasil tem duas cadeiras.
Duas vezes por ano esse Comitê se reúne. Uma vez “on line” e outra presencial, em algum lugar diferente.
Em junho de 2019, foi no Canadá, e ali foi levantada a necessidade de fazermos uma revisão dos documentos fundamentais da organização, dentre os quais a declaração de missão, visão valores.
A ideia seria a de enxugar os textos e melhorar algumas definições, ajustando-as às mudanças que vinham acontecendo na organização, procurando reescrevê-los em uma linguagem que fosse mais compreensível aos diferentes contextos em que a missão acontece.
Dessa Comissão de Revisão, fizeram partes algumas pessoas diretamente envolvidas com a liderança Global, como o David Durance, Brian Belmont e o nosso querido Howard Dueck e, mais o Comitê Global, que é formado por 10 membros de 6 países diferentes (Brasil, República Democrática do Congo, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Canadá e África do Sul).
Em seguida ao nosso Encontro no Canadá, tivemos a pandemia do Covid-19 e foi nesse período, especialmente nos anos de 2020 e 2021 que realizamos essa tarefa, através de um texto base que foi sendo trabalhado no “Microsoft Teams” e em algumas reuniões “on line”.
- Quais são os nossos valores atualmente?
Tínhamos inicialmente nove (9) valores declarados: Fé, Integridade, Santidade, Amor pelas pessoas, Criatividade, Relevância cultural, Simpatia, Parceria com outros e Excelência em mordomia. Participar dessa revisão foi uma experiência muito rica, pois todos esses conceitos foram exaustivamente esmiuçados,e isso me ajudou a compreender muito melhor quem somos, e também conhecer melhor o pensamento dos meus colegas.
À medida que trabalhávamos, parecia que essa lista iria aumentar, mas o alvo na verdade era outro. Foi assim que finalmente elegemos apenas quatro valores fundamentais: Humildade, Excelência, Amor e Parcerias. Em inglês, resultou no sugestivo acróstico, formando a palavra “HELP”: Humility, Excellence, Love, Partnerships. É realmente uma declaração suscinta, mas define com bastante clareza a essência daquilo que somos, ou pelo menos, temos o alvo de ser.
- Por que o valor da Humildade foi tão importante na sua fala? O que o levou a pensar nele?
Eu me empenhei particularmente por incorporar a humildade na nossa declaração de valores, pois entendo que a humildade foi a grande lição que Jesus nos deixou. Me impacta profundamente sempre que leio o texto de Filipenses 2.5-11: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou (…)”.
A humildade é a primeira bem-aventurança (Mt. 5.30), por ser talvez o maior desafio que temos que enfrentar para preservar a nossa integridade, pois ela toca diretamente na questão mais sensível da nossa espiritualidade, que é o nosso próprio ego.
Na minha caminhada de quase quarenta anos na obra de Deus, tenho visto Igrejas, ministérios e organizações passarem pelas mais diferentes crises. Todos os desafios normalmente são vencidos quando as pessoas são humildes e permitem que Deus lhes mostre o caminho, porém não há ambiente ou organização que resista a egos inflados.
- Pensando no futuro dos ministérios do TeachBeyond, como a humildade deve impactar as nossas escolhas missionais?
Nesse sentido vejo duas questões importantes: Primeiro, porque tanto em termos individuais, quanto como organização, a humildade abre um leque imenso de possibilidades para servir em contextos e circunstâncias que exigem maior renúncia. É recorrente em nossos ministérios estar em falta de algo, sofrer pressões das mais diferentes naturezas, ser contestados e injustiçados até mesmo por aqueles a quem servimos.
A humildade nos permite ir e perseverar.
Segundo, porque não servimos sozinhos e, onde há uma equipe, os egos irão se manifestar e terão que se ajustar. Por isso é de extrema importância que esse sugestivo “HELP”, que começa com a humildade, esteja sempre em nossos lábios, e inculcado em nosso coração, para nos lembrar constantemente que missão é servir, e servir, em essência, é “tirar a vestimenta de cima” e tomar a bacia e a toalha. (Jo. 13.4). Deus nos abençoe!