Parcerias: ensinando e aprendendo juntos

(série valores)

A aprendizagem cooperativa é amplamente reconhecida como valiosa para os educandos, mas o ensino cooperativo não é tão valorizado assim. É relativamente fácil visualizar como o trabalho em grupo e compartilhamento de talentos e recursos pode beneficiar outras pessoas, mas às vezes os nossos hábitos pessoais de autonomia e independência podem nos impedir, como professores, de ver o valor das parcerias.

Parcerias educacionais são uma excelente maneira de modelar um espírito humilde que reconhece que Deus nos projetou para trabalhar na dependência dEle e em cooperação uns com os outros. O Novo Testamento usa a metáfora de um corpo para descrever nosso relacionamento com Cristo e com todos que são filhos de Deus. Todos são necessários, mas diferentes partes do corpo têm papéis distintos. Parcerias são expressões concretas desse inter-relacionamento.

Somos tentados a agir como se não precisássemos dos dons dos outros, mas a Bíblia é clara que o Espírito Santo não dá todos os Seus dons para uma pessoa só. Ninguém pode contribuir mais do que uma fração do que é necessário em qualquer situação e a tentação de nos acharmos melhor que os outros está sempre presente. Quanto mais um indivíduo tem, mais difícil é reconhecer que sem Cristo — e o resto de Seu Corpo — não podemos fazer nada. Parcerias reconhecem nossa dependência em situações específicas, demonstrando ao mundo à nossa volta que nossa interdependência é mais que uma construção teórica.

As parcerias educacionais podem assumir muitas formas diferentes, incluindo prestação de contas em pequenos grupos, observação em sala de aula, ensino em equipe, trabalhos ou projetos interdisciplinares, workshops de desenvolvimento profissional e muito mais. Cada forma tem diferentes níveis de risco e de relacionamento, mas todos exigem que um indivíduo trabalhe com os outros para obter sucesso. Algumas parcerias serão mais fáceis do que outras, mas é provável que todas exijam um esforço comprometido para ir além de um período inicial de desconforto ou constrangimento. Estabelecer parcerias é uma ótima ideia, mas não é uma solução mágica para minimizar a quantidade de trabalho necessária. Trabalhar com os outros exige que aprendamos sobre eles — e sobre nós mesmos — enquanto navegamos juntos em um projeto. Como qualquer um que tenha corrido uma corrida de três pernas pode dizer, trabalhar em sincronia com os outros não vem automaticamente.

A chave para o sucesso é reconhecer os benefícios da parceria e depois comprometer-se com o processo em todas as suas etapas, desde a “lua-de-mel”, passando pelas dificuldades, até a maturidade e a frutificação. E para que uma parceria ocorra, temos de nos arriscar a dar o primeiro passo. Aqui estão algumas ideias para começar:

  • Desenvolva um pequeno grupo de colegas e/ou amigos com quem você compartilha lutas e sucessos. Você pode se acostumar a falar sobre o que acontece em sua sala de aula e, provavelmente, descobrirá insights importantes à medida que verbaliza suas experiências e percepções e ouve as dos outros.
  • Peça para alguém observar a sua aula. Isso requer mais vulnerabilidades, mas também há mais objetividade, pois você não está filtrando os relatórios e o observador pode ver seus pontos cegos.
  • Junte-se a um colega para ensinar uma unidade curta e focada. Vocês estarão unindo os seus pontos fortes, mas sem se comprometerem a trabalhar um ano inteiro juntos.
  • Trabalhem em conjunto em um tópico ou até mesmo em uma tarefa específica, como um texto sobre a história da ciência, por exemplo, e envolvam os professores de história, português, e de ciências na avaliação. Isso pode ajudar os alunos a terem uma visão mais integrada do que estão aprendendo, sem alterar muitas estratégias pedagógicas; logo, isso talvez seja uma boa parceria “inicial”.
  • Compartilhe a sua experiência e ideias com outras pessoas em um workshop. Você aprenderá na preparação e na interação e eles se beneficiarão da jornada na qual Deus o está conduzindo.

Nenhum dom dado pelo Espírito Santo é para o nosso bem-estar pessoal, mas para o serviço dos outros. Isso é tão verdadeiro em nosso ensino quanto em todas as outras áreas de nossas vidas. É bem mais difícil chamar a atenção para a bondade e grandeza de Deus quando estamos trabalhando com sucesso por “conta própria”. Mesmo que não estejamos conscientemente chamando a atenção para nossa bondade e grandeza pessoal, é mais difícil para os outros verem nossa dependência Dele se estamos, aparentemente, trabalhando sem precisarmos do apoio de ninguém. Ser intencional no desenvolvimento de parcerias colaborativas é uma forma concreta de demonstrarmos essa dependência para o mundo à nossa volta.

Harold Klassen
Consultor Educacional e Coordenador do “Transforming Teachers”
TeachBeyond Global

Para mais recursos desse autor acesse: www.transformingteachers.org

Traduzido por Raphael A. Haeuser

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