Tem como um professor com dor no corpo dar uma aula realmente excelente?

A Saúde Física do Educador

(série Saúde Integral)

Quem imagina a rotina de um professor, talvez pense que a profissão não oferece riscos à saúde física. Infelizmente é fato conhecido e comprovado que dores e disfunções musculoesqueléticas, principalmente na coluna, afetam de 30% até 95% da comunidade docente.[1] Os números variam dependendo das condições de trabalho e do ambiente onde o educador vive, mas a prevalência sempre se mostra elevada e este fato precisa ser considerado quando pensamos em excelência no ensino.

Os principais fatores de risco para as dores do professor estão associados ao estresse, ambiente de trabalho, à “falta de tempo” (ou mau gerenciamento do tempo), à rotina irregular e ao desgaste psicológico. Diante disso, poderíamos propor mudanças no ambiente onde o professor trabalha, porém, essas medidas geralmente são demoradas, complexas e caras de serem implementadas, além do que não eliminam por si só todos os riscos físicos e muito menos dependem apenas do educador para acontecerem. Soluções preventivas viáveis e de curto prazo estão ao alcance do professor na medida em que ele investe tempo e energia na preparação do seu organismo para melhor enfrentar os obstáculos que a profissão impõe à saúde física.

Na minha experiência profissional percebo que a principal dificuldade encontrada pelos meus pacientes (e por mim mesmo) para cuidar da saúde física reside na questão do gerenciamento do tempo. Então, um bom preparo do organismo começa pela “higienização da agenda”. Defina seus objetivos, priorize aquilo que é coerente com o que você definiu e diga ‘não’ ao que não contribui para o propósito que você determinou. Deus lhe dá 24 horas todos os dias para você gerenciar, seja sábio na administração desse presente diário. “Não tenho tempo” é sempre uma mentira; “não posso” é outra. Assuma a responsabilidade sobre seu tempo e esteja determinado a investir na preparação do seu organismo. A única justificativa verdadeira para não cuidar da saúde é “não quero”.

Não querer cuidar de si mesmo é tão inaceitável quanto não querer cuidar da natureza ou não querer cuidar da família, e é reflexo da nossa natureza distorcida em relação ao que Deus nos criou para ser.

Aliás, você também é parte da natureza e da família, portanto não cuidar de si mesmo faz parte de ser negligente com a natureza e com a família. A partir de uma gestão adequada do tempo (e da vontade), apresento três questões essenciais para uma boa saúde:

1 Prática de Atividade Física: Inclua a atividade física regular na sua agenda como um compromisso de alta prioridade. Nosso corpo foi projetado por Deus para o movimento. Então quanto menor a quantidade e a qualidade de movimento, maior o risco à saúde de músculos, nervos e articulações.

2 Qualidade da Alimentação: Leve para o mercado sua intenção de comer saudável e traga para casa produtos condizentes com seus objetivos de saúde. O objetivo de comer de forma saudável se concretiza na hora de comprar sua comida. No restaurante, considere priorizar aquilo que o seu organismo precisa, mais do que o que os seus olhos, nariz e boca pedem. O pecado da gula não está relacionado apenas ao quanto você come, mas também ao que e como você come. Entre as consequências de uma alimentação pobre, está a predisposição a dores diversas.

3 Descanso: O descanso, ao contrário do que muitos pensam, não é luxo, nem privilégio. Além disso, se orgulhar do cansaço e da falta de tempo é tão incoerente quanto “se orgulhar do mau cheiro por não ter tempo de tomar banho”. O descanso é uma necessidade básica, assim como alimento e higiene. Portanto, da mesma forma que você separa tempo para comer e tomar banho, separe tempo para descansar. O descanso é essencial para sua higiene mental, é um tempo de desfrutar do que você produziu, com gratidão a Deus por aquilo que você tem. Deus nos criou também para o descanso e gratidão.

Por fim, se existe algum fator que te atrapalha de cumprir algum dos pontos acima, elimine-o quanto antes. Peça a Deus por sabedoria para bem administrar o seu corpo. Ouça o conselho dos profissionais da saúde, considere o que sua família diz ao conviver com você e observar os seus hábitos, compartilhe este desafio com amigos que te encorajem neste propósito! Saúde física é uma dádiva muito valiosa para ser abandonada por algo qualquer. Prepare o seu organismo, isto também é educação transformadora!

Marcos Reis
É quiropraxista (ABQ 0352), especialista em Saúde do Trabalhador e em Teologia. Atende em consultório particular em Caxias do Sul e Gramado (www.qualipraxis.com.br). É presidente e voluntário da TeachBeyond Brasil e membro da assembleia da TeachBeyond Global.

[1] CARDOSO, Jefferson Paixão et al . “Prevalência de dor musculoesquelética em professores” Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo , v. 12, n. 4, p. 604-614, Dec. 2009 . Acesso em 17/01/2020 <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-790X2009000400010&lng=en&nrm=iso>.

ERICK, P.N. & SMITH, D.R. “A systematic review of musculoskeletal disorders among school teachers.” BMC Musculoskelet Disorders, v. 12, n. 260 (2011).

SANTANA, Ângela Maria C. et al . “Burnout syndrome, working conditions, and health: a reality among public high school teachers in Brazil” Work, Boston, vol. 41, no. Supplement 1, pp. 3709-3717, 2012. Acesso em 17/01/2020 <https://content.iospress.com/articles/work/wor0674>

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