O Deus Trino e a Forma como Educamos

(série Trindade & Educação)

Meu pai foi professor universitário por 15 anos. Não tive a alegria de ser seu aluno, todavia, dos 12 aos 20 anos convivi com muitos deles. Seu Getúlio, como o chamavam, foi sem dúvida o professor mais exigente que já conheci. Das 7 matérias com nome de automação industrial, ele lecionava 6 em determinado período de sua vida. Sua fama de exigência o precedia e, em alguns momentos, um misto de amor e ódio existia, mas o que me chamava atenção era que várias vezes eram esses mesmos alunos que estavam em nossa casa, em alguns churrascos de sexta à noite.

Tive a alegria, em um curso de pós-graduação, de ser aluno de um desses alunos do meu pai. Fiquei surpreso com o apreço que este professor tinha por mim em sala de aula, mas eu sabia que isto não estava relacionado a mim, mas ao meu pai. Esse ex-aluno, agora meu professor, entendeu algo que vai além na educação. Percebo que em toda minha carreira estudantil, tanto em administração quanto em teologia, não foi tanto o conteúdo que os professores em entregaram que mudou a minha vida, mas, sim, outros aspectos. E acredito que mesmo sem saber ou em algumas vezes intencionalmente, os melhores professores que tenho memória foram exemplos de elementos claros na Trindade ou na sua forma de nos educar.

Deus tem uma preocupação ativa com seu estudante (criatura).

O Alto e Sublime, que vive na eternidade, o Santo diz: “Habito nos lugares altos e santos, e também com os de espírito oprimido e humilde. Dou novo ânimo aos abatidos e coragem aos de coração arrependido.” (Is 57:15)

Um Deus todo-poderoso, que poderia escolher e agir de qualquer forma, se preocupa ativamente com todos, pequenos e grandes, capacitando para todas as circunstâncias os de coração arrependido. Vemos o Pai agindo assim, vemos Jesus cuidando de muitos e preocupado com os seus e o Espírito convencendo do que é certo e errado, do pecado e da justiça (Jo 16:8). Este é um Deus que se preocupa ativamente com seu estudante.

Deus humilha-se ao assemelhar-se com seu estudante (criatura) para que ele entenda e viva o conteúdo de sua mensagem

Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se.” (Fp 2:5–6)

Não consigo pensar em algo mais humilhante do que ser Deus e não considerar quem é para assumir uma forma humana. O bom educador será muito melhor como educador não porque mantém-se estudando e obtendo novos títulos, mas porque não se apega a eles e se mantém em igualdade no que tange a quem é.

Todo educador e todo estudante são essencialmente iguais, diferem apenas quanto às etapas diferentes de vida. A tarefa do educador não é ser melhor do que seu estudante, é conduzir o atual aprendiz a também ser um melhor educador dentro das dinâmicas da vida que ele optar por se dirigir.

Deus não só transmite o conteúdo, ele cria um plano capaz para que o seu estudante (criatura) viva esse conteúdo.

E sabemos que Deus faz todas as coisas cooperarem para o bem daqueles que o amam e que são chamados de acordo com seu propósito. Pois Deus conheceu de antemão os seus e os predestinou para se tornarem semelhantes à imagem de seu Filho, a fim de que ele fosse o primeiro entre muitos irmãos.” (Rm 8:28–29)

Deus tem um plano para a humanidade, a conformidade do homem com o caráter de Cristo. O Pai aparece neste texto com o título de Deus. Ele conheceu e predestinou para que se tornassem semelhantes à imagem do Filho. Existe um plano, existe um currículo, mas ao mesmo tempo, o Filho é este currículo vivo e o Espírito age para que esse currículo aconteça.

Deus, como educador, tem um plano claro. Ele se interessa por seu estudante, vai até ele e o auxilia a entender e alcançar esse plano, viabilizando o que este aluno não poderia fazer sozinho. Deus é um modelo de educador perfeito e todo aquele que olhar para Ele com esses olhos, sempre encontrará um modelo para educar com sabedoria e compaixão.



Arthur V. G. Lupion

É especialista em Administração pela FGV, mestre em teologia ênfase em ministérios formativos pelo SBPV e doutorando em ministério com ênfase em liderança Cristã pelo Dallas Theological Seminary. Já pastoreou e atualmente trabalha com formação teológica, é Diretor do TeachBeyond Uruguay e coordenador do FOCO em Porto Alegre.

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