O Mito de que Não Sou uma Pessoa Matemática

Se você é um professor de matemática, sem dúvida já ouviu aquela velha pergunta “Pra quê e quando eu vou usar isso daqui?” A motivação que está por trás desta questão é que muitas vezes não há um desejo de aprender matemática, que é talvez uma das maiores barreiras para a aprendizagem dessa disciplina. Então, como professores de dessa disciplina, como podemos superar essa barreira? Embora eu não afirme ter todas as respostas possíveis para essa pergunta, gostaria de propor algumas delas a essa pergunta milenar. Talvez você consiga ver alunos que saem de um estado de alunos apáticos (que veem a matemática como “preencher tabela”) para alunos engajados (que veem a matemática como um modo de adoração a Deus).

Considere a mentalidade

Os alunos geralmente entram na sala de aula de matemática pensando que são “de exatas” ou de “humanas”. Eu até vejo essa tendência mais nos adultos. Quando digo às pessoas que sou professora de matemática, muitas vezes me deparo com essa resposta: “Ah, eu não sou de exatas”. Na minha opinião, esta é uma das melhores ilustrações de uma mentalidade fixa; aqueles que veem qualquer habilidade como algo que não muda com o tempo. Por essa razão, alguém com uma mentalidade fixa que diz que não é “de exatas” provavelmente esperará falhar antes mesmo de começar. Por outro lado, alguém que tem uma afinidade com a matemática pode ser tentado a pensar que não precisará mais estudar porque a matemática é fácil demais para eles (eu admito que fui refém desse pensamento no ensino médio). Mas é provável que nenhum dos alunos se aplique verdadeiramente ao tema.

Mudar de uma mentalidade fixa para uma mentalidade de crescimento não é uma tarefa fácil. Então, por onde começamos? Bem, por mais simples que possa parecer, podemos falar sobre o problema mais importante. Converse com os alunos, no primeiro dia de aula, sobre o “mito daquele que se diz ser das exatas”. Eu gosto de enfatizar aos alunos que nossos cérebros são um presente de Deus que devemos saber administrar. Embora Ele nos tenha dotado de maneira única, e alguns possam ter uma maior afinidade com a matemática, todos nós podemos aprendê-la e também aplicá-la. Então, não somos simplesmente “das exatas” ou “de humanas”. Somos obra de Deus, criados em Cristo Jesus para fazer boas obras, que Deus preparou de antemão para fazermos (o que pode envolver algum tipo de matemática). Se os alunos conseguem ver a matemática como crescimento, e parte do que Deus projetou nossos cérebros para fazer, eles podem estar mais inclinados a se envolver com isso na sala de aula.

Conecte à vida

Outra maneira de aumentar o engajamento dos alunos é conectar a matemática às suas aplicações práticas. Quase qualquer conceito de matemática ensinado no ensino médio tem uma aplicação prática em alguma profissão, mas é improvável que os alunos façam sozinhos essas conexões. Por exemplo, quando ensino sobre os números imaginários, digo aos alunos que os números imaginários têm uma aplicação prática na eletricidade. Sem números imaginários, não teríamos computadores e smartphones e todos os dispositivos eletrônicos que nossos alunos usam todos os dias. Assim, em habilidades matemáticas, eles estão compilando um kit de ferramentas de habilidades que podem precisar usar em suas futuras profissões.

No entanto, a praticidade por si só ainda pode deixar alguns alunos dizendo: “Bem, eu não vou ser “x”, então ainda não vejo por que preciso saber disso”. Admito que nem toda habilidade matemática é diretamente aplicável na vida cotidiana (não, nem eu uso a fórmula quadrática diariamente). Meu primeiro instinto é citar o matemático Henri Poincaré, que disse: “O matemático não estuda matemática pura porque é útil; ele a estuda porque se deleita nela e se deleita nela porque é bela”. Na minha opinião, apreciar a beleza da matemática não é diferente de apreciar a beleza da música. Então, estude matemática porque é linda!

No entanto, não é fácil convencer uma turma de 16 anos. Em vez disso, eu costumo apontar meus alunos para a praticidade extra-matemática de aprender a matemática. Para este fim, muitas vezes os alunos estudam os “8 Padrões para a Prática Matemática”[1]. Um desses padrões é “compreender os problemas e persistir até resolvê-los”. Eu acho que a maioria concordaria que esta é uma habilidade valiosa em todas as áreas da vida. Na aula de matemática, isso pode ser identificar qual fórmula usar para um determinado problema e, em seguida, fazer o trabalho árduo de calcular os números. Em um escritório, pode ser determinar qual software usar para contabilidade e, em seguida, realmente usar o software. Aprender matemática religa nosso cérebro com habilidades que têm praticidade além da própria matemática.

A matemática é um belo presente de Deus para todos nós desfrutarmos e usarmos para Sua glória. Vamos incentivar nossos alunos a valorizar esse dom e buscar crescer em sua compreensão e habilidade em matemática. Desta forma, podemos fortalecê-los para se tornarem tudo o que Deus pretendeu – servi-Lo em quaisquer áreas que Ele nos colocar.



Ruth Jansen
Professora de Matemática e Música
TeachBeyond

Ruth atua na Academia Dakar desde agosto de 2019. Ela atuou por 3 anos como professora de matemática do ensino médio e agora fez a transição para o ensino de música. Em qualquer assunto que ela ensine, Ruth adora inspirar em seus alunos um coração que adora a Deus.

Texto original em https://www2.teachbeyond.org/article/the-myth-of-math-is-not-for-me

Trad. Davi Guerreiro Farias

[1] Nota do tradutor: em inglês “8 Core mathematical practice standards” são alguns padrões da matemática que os alunos devem desenvolver para ter sucesso na disciplina. São eles: 1) compreender os problemas matemáticos e persistir até resolve-los; 2) pensar de forma abstrata e quantitativamente; 3) construir argumentos viáveis e ser capaz de criticar o pensamento de outros; 4) usar a matemática como modelo para resolução de problemas no mundo real; 5) usar ferramentas estratégicas apropriadas; 6) foco na precisão; 7) procurar e entender a estrutura e 8) procurar e expressar regularidade no pensamento matemático. Para mais detalhes, visite: Breaking down the Common Core’s 8 mathematical practice standards – TeacherStep.

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