Equipando Alunos para Desenvolver Amizades

Como fomos criados por Deus para estar em relacionamento com Ele e com outras pessoas, a oportunidade e a capacidade de formar e manter amizades é um marco de desenvolvimento de vital importância para nossos alunos. Amizades, especialmente as saudáveis, permitem que nossos alunos aprendam e pratiquem o altruísmo, a reflexão, a curiosidade, a independência e a autodescoberta. A auto-estima é afetada significativamente pelos relacionamentos (ou pela falta deles), e ter apenas alguns relacionamentos profundos e genuínos com colegas e adultos é um fator importante para a saúde mental e emocional das nossas crianças.

Abaixo estão algumas idéias de como auxiliar crianças que precisam de ajuda extra para encontrar e fazer amigos. Mas primeiro, uma observação: é importante e incrivelmente útil problematizar o tema da amizade com seus alunos. Os alunos podem se sentirem facilmente muito sozinhos em suas batalhas pessoais, e é preciso lembrar que eles não estão sozinhos: muito de seus colegas ao redor também podem sentir o mesmo. Aproveite as oportunidades na sala de aula para lembrar aos alunos que eles são mais parecidos com os seus colegas de aula nessas questões, muito mais do que possam perceber. Quase todos os alunos na sala têm algum tipo de insegurança ou almejam pertencer à alguém, ou enfrentam o sentimento de solidão ou rejeição. Lembre os alunos dessas conexões uns com os outros e, ao fazê-lo, você ajudará os alunos a reescreverem sua narrativa interna de que estão completamente sozinhos. 

Agora, vamos falar sobre algumas ideias para ajudar os alunos a fazerem amigos.

O Banquinho da Amizade (mais apropriado para o Ensino Fundamental I)

A ideia do “Banquinho” da Amizade é que, se um aluno quer brincar com alguém novo na classe ou está procurando algum amigo para brincar, ele simplesmente se senta no banco. É dever dos seus colegas de classe perceberem quando alguém está sentado no banco e convidá-lo para brincar. Professores do ensino fundamental com quem indiquei isso dizem que essa atividade tem funcionado bem. A maioria dos alunos mais jovens ficarão animados com seu papel nesse processo e serão rápidos em convidar o aluno que está sentado ali para brincar.

Uma observação sobre a aprendizagem socioemocional no ensino fundamental: ao implementar a aprendizagem socioemocional na sala de aula, chame a atenção para o tópico “melhores amigos”. Este é um tópico muito vasto a se trabalhar.  Há uma expectativa embutida nas crianças de hoje de que cada pessoa deve ter um melhor amigo. Como seria, então, ajudar seus alunos a mudarem suas expectativas internas de que ter muitos amigos dentro de uma sala de aula seja normalizada, em vez de se concentrar em apenas um melhor amigo, excluindo todos os outros colegas?

Grupos de Convivência (mais apropriado pro Fundamental I e Fundamental II)

Para implementar um grupo de convivência, um professor ou membro da equipe escolar pode convidar um pequeno grupo de alunos para sentar com ele uma vez por semana na hora do recreio, da merenda ou do almoço (caso seja uma instituição de tempo integral). O membro da equipe escolar deve pensar em uma estrutura informal, escolhendo um tópico e perguntando casualmente a cada um para contribuir na roda de conversa. Por exemplo, “o que você mais gosta de fazer?”, “Existe algum programa de TV que você realmente está curtindo agora?”. Escolha tópicos simples e não retraia os participantes e faça isso por várias semanas. Muitas vezes, o grupo deixará de precisar de sua orientação direta e organicamente apresentará seus próprios tópicos para conversarem. Quando chegar nesse ponto, é legal você ficar em segundo plano e permitir que um grupo coeso comece a se formar. Eventualmente, se o grupo estiver mais “coeso”, você pode dizer a eles, por exemplo: “Não consigo me encontrar com vocês hoje. De qualquer forma, que tal almoçarem só vocês juntos?”. Ajude-os a escolher um lugar na escola. Uma vez que o grupo seja mais independente de você, você ainda pode ocasionalmente passar pelo local onde estão e fazer o “check-in” (só pra ver como estão), trazer um lanche e manter esses relacionamentos com seus alunos.

Grupo de Convivência Modificado (mais apropriado para o Ensino Médio)

Um conceito de grupo de convivência neste nível também pode ser eficaz, mas precisa ser feito com muito cuidado. Os alunos do ensino médio são muito sensíveis à forma como são percebidos pelos outros, incluindo você, e percebem facilmente quando você está fazendo algo porque sente pena deles. Ao trabalhar com um estudante do ensino médio, você será muito mais eficaz se puder formar um relacionamento genuíno com alunos individuais e, só então, orientá-los a se relacionarem com seus outros colegas de classe. Você não precisa ser dissimulado com relação a isso. Ao conhecer os alunos de sua turma, você tem o senso geral de que, no mínimo, duas pessoas da classe têm algo em comum entre si. Convide os dois para conversar com você na lanchonete da escola; diga-lhes de antemão que você está convidando os dois porque acha que eles têm algumas semelhanças realmente interessantes. Mitigue qualquer constrangimento tendo algo pré-planejado. Se o que você tem em comum com esses dois alunos é a série Dr. Who[1], convide-os para assistir parte de um episódio com você enquanto almoçam juntos. Talvez haja tempo para conversar, ou talvez não haja, mas convide-os a voltar na próxima semana para assistir o restante do episódio ou para trocarem uma idéia sobre eles. Este é um investimento de longo prazo, e pode demorar um pouco até que você veja esses alunos escolherem ativamente uns aos outros como amigos, mas com alguma assistência cuidadosa e intencional de sua parte, você pode desempenhar um papel transformador na vida dos alunos que precisam de “um empurrãozinho” para fazer amigos.

Um recurso extraordinário para amizades e habilidades sociais é o departamento de capelania da sua escola, se houver um. Um capelão ou conselheiro pode criar um grupo de convivência para os alunos que querem discutir, por exemplo, o tema da amizade, criando assim um espaço seguro para se conectar com os outros e ter conversas mais profundas sobre a dificuldade de ter várias amizades em seu contexto particular. Um conselheiro também pode criar um grupo específico para discutir habilidades sociais, com os alunos sendo encaminhados para o grupo por membros da equipe escolar. Esses grupos tendem a ser pautados muito na psicoeducação (ou seja, aprender uma lista específica de habilidades e ter a oportunidade de praticar uns com os outros). Frequentemente, os alunos com ansiedade social, déficits de atenção ou traços do espectro autista podem ser encaminhados para esses tipos de grupos, mas muitos outros alunos podem ser bons candidatos dependendo de vários outros fatores (como a frequência com que o aluno se mudou de cidade, se eles ficam isolados com base na localização geográfica de seus pais, se sofreram alguma intimidação no passado, etc.).

É importante notar, no entanto, que os conselheiros escolares são um recurso limitado e muitas vezes são incapazes de criarem todos os grupos que seriam úteis para os alunos da escola. Mesmo sem um conselheiro disponível, os educadores podem e devem se sentir capacitados para se conectarem intencionalmente com os alunos. 

Ao orar por seus alunos e buscar a orientação do Senhor para apoiar seu desenvolvimento, considere as ideias listadas acima e tome a iniciativa de conectar os alunos uns com os outros. Ao fazer isso, você pode ajudar a facilitar o projeto dado por Deus para viver em relacionamento.


Sarah Fine
TeachBeyond Global

Sarah é uma assistente social clínica licenciada e anteriormente serviu na TeachBeyond como conselheira escolar. Seu marido, Keane, é diretor de comunicações da TeachBeyond.

Texto Original em https://teachbeyond.org/article/equipping-students-to-develop-friendships

Trad. Davi G. Farias

[1] “Doctor Who” é uma série de ficção científica britânica que segue as aventuras de um alienígena chamado “O Doutor”, um viajante do tempo que explora o universo em uma máquina chamada TARDIS, que parece uma cabine telefônica azul. O Doutor é capaz de se regenerar em um novo corpo quando está prestes a morrer, o que permite que diferentes atores interpretem o personagem ao longo dos anos. A série abrange diversas épocas e lugares, apresentando histórias emocionantes e personagens memoráveis, enquanto explora temas como amizade, moralidade e o poder do universo.

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