Do Medo à Fé
Desejamos ajudar nossos educandos na sua transformação em se tornarem quem Deus os criou para ser. Ao lidar com ansiedade e trauma, nosso papel nisso é aprender a cuidar dos alunos, ajudá-los no seu processo de cura e, ao fazê-lo, criar um espaço para que eles simplesmente possam ser crianças. À medida que enfrentamos novas ameaças de doenças e perturbações em todo o mundo, educadores estão em uma posição única para orientar seus alunos do medo para a fé.
Como fazemos isso? Talvez você já tenha ouvido falar da abordagem ou cuidados “informados ao trauma”. Embora nem todas as crianças tenham sofrido ou vão sofrer traumas, essa abordagem fornece ferramentas a todos para se comunicarem melhor, terem mais empatia entre si e para reconhecerem situações prejudiciais. Nas próximas semanas e meses, a sala de aula, seja virtual ou presencial, será um espaço crítico para os alunos processarem e entenderem o que está acontecendo no mundo devido a essa pandemia.
Uma das primeiras maneiras pelas quais os educadores — professores e pais — podem ajudar seus educandos é saber como as evidências do trauma podem se manifestar. O Child Mind Institute (Instituto da Mente da Criança) em Nova York menciona[1]:
- Problemas com o sono (muito ou pouco)
- Perda ou excesso de apetite
- Raiva (irritabilidade súbita ou inexplicável)
- Atenção (dificuldade em se concentrar em projetos, conversas particulares ou em sala de aula, ou a necessidade de mais atenção)
- Ansiedade (preocupação constante, estar separado separação dos pais, revivendo eventos traumáticos, facilmente assustados por barulhos).
O estresse ou trauma crônicos podem dificultar muito a capacidade de aprender, portanto, seja paciente e compassivo. Identificar essas manifestações de trauma é o primeiro passo. A partir desse momento, seguir o seu instinto de confortar e tranquilizar é o próximo passo a ser dado. Alguns exemplos práticos são:
- Reconheça o evento: se foi uma perda (um professor ou amigo evacuado) ou um evento específico (fechar a escola abruptamente), crie um espaço para discutir isso com seus alunos e permita que eles expressem seus sentimentos.
- Dedique tempo para conversar: a sala de aula será um dos lugares mais importantes para os alunos conversarem e sofrerem. Eles conhecem você e estar com você é reconfortante. Estudos demonstraram que, quando adultos ouvem as crianças, pode ser mais eficaz do que dizer as coisas certas.
- Incentive a curiosidade: faça perguntas aos seus alunos.
- Garanta a segurança: lembre-os sobre as medidas de segurança, prepare-os para a quebra na rotina, deixe a porta entreaberta, informe-os com antecedência se vai haver barulhos.
- Seja previsível: retorne à sua rotina ou, se necessário, crie uma nova. Se puder, escreva a rotina no quadro ou poste na plataforma virtual para que os alunos saibam o que está por vir. A estrutura vai trazer conforto. Também esteja preparado para ser flexível dentro da rotina[2].
Mesmo se você estiver mudando para uma experiência de ensino on-line por causa do COVID-19, essas estratégias ainda poderão ser aplicadas. Além disso, você pode incentivar seus alunos virtualmente:
- Abordando como os alunos estão se sentindo: estipule trabalhos de reflexão. Pode ser uma obra de arte, um diário, uma fotografia, etc.
- Dando agência aos alunos: peça aos alunos que ajudem na elaboração do cronograma e façam um brainstorming com eles para as novas “regras da turma”.
- Reduzindo a exposição na mídia: crie um desafio com um prêmio para os alunos que apenas usarem dispositivos eletrônicos por uma certa quantia por dia (os pais podem fiscalizar).
- Fornecendo avaliação alternativa: esse pode ser um ótimo momento para ser criativo com projetos no lugar das tarefas de casa tradicionais. Os alunos podem realizar entrevistas por telefone com um membro da família, apresentações na forma de webinars ou filmes, etc. Estudos mostram que a integração de terapias expressivas (arte, música, teatro) transforma a experiência de aprendizado e de cura[3].
- Criando oportunidades de expressão: como um blog ou plataforma digital, onde os alunos podem postar atividades diárias.
- Integrando conversas sobre fé: durante uma crise, alunos naturalmente farão grandes perguntas. Você pode usar esse tempo para se abrir sobre Deus e Suas promessas, enquanto modela para eles como é escolher a fé em vez do medo. Se você puder, comece suas aulas virtuais com um breve devocional e abra espaço para discussões.
Uma observação sobre você:
Em meio a crises ou traumas, educadores muitas vezes ignoram suas próprias necessidades para cuidar dos seus educandos. Isso os coloca em risco de sofrer algum trauma indireto, fadiga de compaixão ou esgotamento. Cuide de si mesmo e para que não venha esgotar seu próprio poço. Quanto mais profundo o seu poço, mais você terá o que oferecer aos seus alunos. O Dr. Wilbur sugere três maneiras principais de como manter o autocuidado[4]:
- Conscientização — esteja em sintonia com as próprias necessidades, limites e emoções.
- Equilíbrio — equilíbrio entre trabalho, descanso e lazer.
- Conexão — conecte-se a si mesmo, aos outros e a algo maior.
Tudo bem se você não souber o que fazer ou não tiver todas as respostas durante esse período sem precedentes. Tudo o que podemos fazer é apontar nossos alunos para Jesus, ajudá-los a se tornarem quem eles foram criados para ser e aprender deles e com eles no processo.
Katy Maria Shimp
é mestre no Ensino de Inglês como Segunda Língua, depois de uma experiência no Brasil, atualmente atua remotamente como especialista do ensino de idiomas para refugiados pela Beyond Borders, ministério da TeachBeyond.
[1] “Signs of Trauma in Children.” (Sinais de Trauma em Crianças) Child Mind Institute, www.childmind.org/article/signs-trauma-children/
[2] KOPLEWICZ, Harold S., and Child Mind Institute. “A Teacher’s Role in Dealing with Tragedy: Traumatic Events.” (O Papel do Professor em Lidar com Tragédias: eventos traumáticos) Child Mind Institute, www.childmind.org/article/teachers-role-tragedy-strikes/
[3] JEHLEN, A. “Dance of the trapezoid: Educators use the power of the arts to teach math and science”. NEA Today Magazine. 2008, www.nea.org/archive/4129.htm. — The New York State Education Department, Office of Bilingual Education and Foreign Language Studies. “Art as a tool for teachers of English language learners” (Arte como uma Ferramenta para Professores de Língua Inglesa). Albany, NY: The University of the State of New York. 2008.
[4] WILBUR, Amea. Trauma and Language Learning. (Trauma e o Ensino de Línguas) March, 2020. TESL Canada. www.zoom.us/j/325093143?pwd=aWZJeE1oQzcxcHNvZ2FucWM1ZUw4dz09. PowerPoint Presentation.
Para um Momento Como Este (COVID-19)
Em função do atual momento em que vivemos, com medos e incertezas em relação ao COVID-19, o TeachBeyond Brasil criou este espaço de leituras para encorajamento da fé e como ponto de esperança para sociedade.
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