Três Cs para Combater o COVID-19

Volta e meia passamos por crises. Elas podem ser econômicas, políticas, diplomáticas, conjugais e assim por diante. Muitas vezes elas ficam mais restritas ao nível pessoal ou familiar, mas às vezes são coletivas ou até mesmo globais, gerando um profundo senso de perplexidade e ansiedade. Coisas como essa não deveriam nos surpreender, não devido a qualquer conteúdo profético, mas porque a Bíblia reconhece que o sofrimento e as adversidades fazem parte da vida. Jesus disse com todas as letras que passaríamos aflições (Jo 16:33) e o Salmo 23 reconhece que o fato de termos Deus, como nosso Pastor, não nos isenta de passarmos “por um vale de trevas e morte” e de nos depararmos com “inimigos”. Portanto, quer a situação atual seja um sinal do fim dos tempos ou não (Sim, Jesus está voltando, mas já tivemos grandes epidemias no passado, e Ele ainda não veio), esse não é o momento para o pânico, o alarmismo ou o comodismo. Então qual é o nosso chamado nessa hora?

É hora, antes de mais nada, de confiar Deus. É Ele quem caminha conosco pelo vale da sombra de morte, nos protegendo com Sua vara e cajado de possíveis assaltos ou ataques de animais selvagens, enquanto nos conduz às “verdes pastagens” e “águas tranquilas”. Isso não significa de temos o direito de sermos irresponsáveis. Diante da ameaça de genocídio, a mãe de Moisés não disse “Deus não vai permitir que meu filho morra”, mas escondeu-o para salvar sua vida. Quando o apóstolo Paulo foi ameaçado de morte em Damasco, ele não disse “mal nenhuma vai me acontecer”, mas fugiu através de uma abertura na muralha da cidade com o auxílio de um cesto (At 9:23–25). Confiar em Deus significa nos aproximarmos dele em oração. Oramos para que as coisas se resolvam logo, para que o medo e a ansiedade não tomem conta de nós, para que quem estiver na frente de batalha (como os profissionais da saúde, por exemplo), sejam protegidas, para que as pessoas mais vulneráveis não sejam atingidas. A promessa de Deus não é que passaremos ilesos, mas que teremos uma paz inexplicável em meio ao caos (Fp 4:6–7).

É hora de comunicar-se de forma sábia. Atualmente é fácil nos soterramos de informações. Ou seja, precisamos aprender a consumir e transmitir informações com prudência e a tratarmos o nosso próximo com amor e respeito. O livro de provérbios nos adverte contra o ‘zombador’, aquela pessoa grosseira que não dá ouvidos a ninguém e recusa-se a ouvir e aprender. Também nos alerta quanto ao ‘simples’ ou inexperiente’ (Pv 14:6, 15), aquele que é facilmente impressionável ou enganado, pois não tem a habilidade de filtrar as informações que recebe e repassa. Como cristãos, somos chamados a sermos criteriosos na nossa comunicação, e consequentemente, não podemos acreditar e repassar ‘fake news’, crendices, correntes de WhatsApp, mensagens de origens duvidosas, blogs obscuros, etc., nem sair ofendendo as pessoas simplesmente porque tem uma visão diferente da nossa. Quando caímos nisso, ferimos e somos feridos; a nossa língua se torna uma “espada” (Pv 12:17–19), causando inúmeros prejuízos emocionais e relacionais, e em tempos de pandemia, a desinformação pode de fato matar.

É hora de colaborar ou contribuir para minimizar as dificuldades com que estamos nos deparando. O Novo Testamento nos conclama a sermos um povo “que se empenha na prática de boas obras” (Tt 3:8), servindo tanto a cristãos quanto a não-cristãos. A igreja primitiva levou isso muito a sério ao enfrentar situações semelhantes. Por exemplo, o sociólogo da religião Rodney Stark relata que houve duas grandes epidemias no império romano no início da era cristã (165 e 251), ocasião em que cerca de 1/4 a 1/3 da população morreu.[1] Os pagãos não tinham como explicar ou trazer esperança nesse contexto e abandonavam os seus doentes. Estima-se que a taxa de mortalidade para quem não recebia cuidados era de 30%. Já os cristãos cuidavam tanto dos seus, quanto dos não-cristãos abandonados pelas suas famílias. Estima-se que com os cuidados básicos prestados pelos cristãos, a taxa de mortalidade teria sido reduzida para 10%. Mesmo em tempos de distanciamento e isolamento social, podemos servir ao próximo de forma sábia e criativa, com as capacidades que o Espírito Santo concedeu a cada um de nós.

Sim, a situação é grave e preocupante, mas não é hora para o pânico, o alarmismo ou o comodismo. Uma resposta cristã apropriada em tempos de crise é um forte testemunho para o mundo a nossa volta. Stark argumenta que o testemunho da igreja primitiva diante das epidemias foi um dos fatores que contribuiu significativamente para avanço do Evangelho. Imagine só o que Deus pode fazer hoje se confiarmos nEle, nos comunicar com sabedoria e colaborarmos altruisticamente?

Raphael A. Haeuser
Coordenador do Didaquê
TeachBeyond Brasil
 

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Em função do atual momento em que vivemos, com medos e incertezas em relação ao COVID-19, o TeachBeyond Brasil criou este espaço de leituras para encorajamento da fé e como ponto de esperança para sociedade.

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